Neste texto, vamos falar sobre um tema importante: fibromialgia e aposentadoria por invalidez. Afinal, entre crises que parecem não ter hora para acabar e a vontade de manter a rotina profissional, surge a dúvida que tira o sono de muita gente: “como comprovar incapacidade por fibromialgia?

A boa notícia é que a legislação brasileira não foca no nome da doença, mas sim no grau de incapacidade que ela provoca. Aqui, você vai descobrir de forma simples e direta quais caminhos o INSS oferece para quem enfrenta a fibromialgia, quais documentos fazem diferença na perícia e como transformar a sua história de dor em provas concretas.

Se você busca orientação clara sobre o assunto, continue a leitura!

Tenho fibromialgia. Posso me aposentar por invalidez ou receber o BPC/LOAS?

Antes de qualquer coisa, respire fundo: a fibromialgia não o impede, por si só, de buscar proteção do INSS. O que realmente pesa na decisão do perito é o quanto seus sintomas limitam sua vida diária e sua capacidade de trabalhar.

Abaixo você encontra as duas portas de entrada possíveis, Aposentadoria por Incapacidade Permanente (antiga aposentadoria por invalidez) e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), e o que precisa fazer para bater em cada uma delas com boas chances de sucesso.

Aposentadoria por Incapacidade Permanente

  • Para quem é segurado do INSS (empregado, MEI, contribuinte individual etc.);
  • Exige carência mínima de 12 contribuições, salvo situações de gravidade extrema – a fibromialgia normalmente não dispensa essa carência;
  • Precisa ficar comprovada incapacidade total e sem previsão de melhora para a atividade que você exercia e para quaisquer outras compatíveis com seu histórico profissional;
  • Valor do benefício: parte de 60% da média de salários de contribuição, com acréscimo de 2% por ano que ultrapassar 15 anos (mulher) ou 20 anos (homem). Se, no laudo, ficar claro que você necessita de ajuda constante para atividades básicas (vestir-se, alimentar-se), há um adicional de 25%.

BPC/LOAS

  • Não requer contribuição ao INSS;
  • Destinado a pessoas com deficiência de longo prazo que limite a participação social e a renda familiar por pessoa seja, em regra, de até ¼ do salário-mínimo. Esse teto pode ser flexibilizado se você demonstrar despesas excepcionais (medicação, tratamentos, aluguel, etc.);
  • Valor fixo de um salário-mínimo, sem 13.º e sem pensão por morte para dependentes.

O que conta mesmo: PROVAR A INCAPACIDADE

fibromialgia aposentadoria por invalidez

A fibromialgia é invisível em exames de imagem, mas os peritos analisam evidências funcionais. Monte um “dossiê” contendo:

  • Laudos médicos detalhados, com CID M79.7 e descrição objetiva das limitações (ex.: não consegue permanecer sentada mais de 30 minutos, tem crises de dor que impedem concentração);
  • Prontuário completo, mostrando consultas contínuas, fisioterapia, psicoterapia e medicações;
  • Exames que descartem outras doenças – eles não “provam” a fibromialgia, mas mostram que seu quadro é persistente e tratado;
  • Relatos do empregador ou colegas sobre faltas e adaptações no trabalho;
  • Diário de sintomas, recibos de tratamentos complementares, declarações do CRAS (para o BPC) sobre a realidade socioeconômica.

Quanto mais cedo você começar a documentar sua rotina de dores, tratamentos e repercussões no trabalho, mais fácil será comprovar a incapacidade. Não deixe de buscar acompanhamento psicológico: além de ajudar no dia a dia, relatórios de saúde mental são valiosos para o perito entender o impacto global da fibromialgia.

Dessa forma, a aposentadoria por incapacidade ou o BPC/LOAS são possíveis

para quem tem fibromialgia, desde que você demonstre, com provas sólidas, que a doença tornou inviável o trabalho ou a vida autônoma.

Como construir um conjunto de provas?

Nenhum exame de imagem “enxerga” a fibromialgia, mas isso não significa que você esteja de mãos abanando na hora de provar sua incapacidade.

O segredo está em transformar a sua rotina de dor, fadiga e limitações em documentos palpáveis e organizados. Abaixo, você confere um passo a passo prático para construir um conjunto de provas forte o bastante para impressionar tanto o perito do INSS quanto, se preciso, o juiz na via judicial.

Comece pelo alicerce: laudos médicos detalhados

Peça relatórios a todos os especialistas que o acompanham (reumatologista, neurologista, psiquiatra, fisiatra, psicólogo).

Cada laudo deve ter:

  • Identificação do profissional (nome, CRM, carimbo e assinatura).
  • CID-10 M79.7 (fibromialgia) + eventuais comorbidades (transtorno depressivo, ansiedade, lombalgia crônica).
  • Descrição minuciosa dos sintomas (localização das dores, intensidade média em escala 0-10, episódios de fadiga, distúrbios do sono).
  • Impacto funcional: exemplifique tarefas que você não consegue realizar ou executa com grande dificuldade (ficar sentado 30 min, digitar, subir escadas, concentrar-se em leituras prolongadas).
  • Prognóstico: mencione que o quadro é crônico, sem previsão de cura, e a resposta insatisfatória aos tratamentos convencionais.

Colete o prontuário completo

  • Hospitais, clínicas e postos de saúde são obrigados a fornecer cópia do seu prontuário mediante requerimento escrito;
  • Priorize registros dos últimos 24 meses, pois mostram a persistência dos sintomas;
  • Inclua datas de consultas, relatórios de fisioterapia, psicoterapia, acupuntura e listas de medicamentos prescritos (principalmente opioides, neuromoduladores e ansiolíticos).

Reúna exames que descartam diagnósticos diferenciais

Mesmo que a fibromialgia não apareça em radiografias, ressonâncias ou lab, esses resultados demonstram investigação completa e reforçam a seriedade do seu caso. Junte:

  • Ressonância de coluna ou articulações;
  • Eletroneuromiografia para afastar neuropatias;
  • Exames de sangue para doenças reumatológicas inflamatórias (Fator reumatoide, PCR, VHS).

Use uma folha-resumo explicando a finalidade de cada exame: “Ressonância de coluna – descarta hérnia lombar significativa”.

Fortaleça com evidências do dia a dia

  • Relatórios de RH ou carta do empregador relatando faltas, atrasos, diminuição de produtividade ou necessidade de adaptações no posto de trabalho;
  • Declarações de colegas ou familiares (firma reconhecida em cartório) descrevendo suas dificuldades em tarefas simples, como cozinhar ou dirigir;
  • Diário de sintomas: caderno ou aplicativo em que você anota, todos os dias, horário, intensidade da dor, duração da crise e atividades impossibilitadas. Dois a três meses de anotações já fazem diferença.

Mostre que você busca tratamento de forma ativa

  • Recibos de medicamentos de alto custo;
  • Notas fiscais de sessões de fisioterapia, hidroterapia, pilates específico, acupuntura;
  • Cartões de presença em grupos de apoio ou terapia ocupacional.

Para quem pretende o BPC/LOAS: documente a vulnerabilidade social

  • Cadastro Único atualizado (NIS): emita extrato no CRAS;
  • Declaração de renda familiar recente (holerites, extratos bancários);
  • Contas de água, luz e aluguel em nome de membros da família;
  • Relatório ou estudo social confeccionado por assistente social do CRAS descrevendo moradia, número de moradores e gastos médicos;
  • Fotografias do ambiente doméstico (opcional, mas útil em ação judicial).

Transformar sintomas invisíveis em provas concretas é menos complicado do que parece, mas exige disciplina.

Comece hoje mesmo a juntar recibos, registrar crises e solicitar prontuários. Quando a perícia chegar, você não dependerá apenas da sua palavra, mas terá um dossiê que fala por você.

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