A cobrança de juros abusiva é mais comum do que se imagina e pode causar grandes prejuízos financeiros. Muitas pessoas já enfrentaram a desagradável surpresa de perceber que os juros cobrados em seus empréstimos, financiamentos ou no cartão de crédito estavam muito acima do esperado.
Por isso, saber identificar quando os juros ultrapassam os limites legais e entender quais passos seguir para contestar essas cobranças é essencial para proteger seu bolso e garantir seus direitos. E é sobre isso que falaremos neste texto.
Entenda como reconhecer a cobrança de juros abusiva e o que fazer.
O que são juros abusivos?
Juros abusivos são aqueles cobrados acima do que a lei permite ou do que é costumeiramente praticado no mercado financeiro, configurando uma cobrança indevida e prejudicial ao consumidor.
A diferença entre juros legais e juros abusivos está no limite que cada um representa.
- Juros legais são aqueles previstos em lei ou regulamentações, servindo como teto para as cobranças.
- Já os juros abusivos ultrapassam esses limites, tornando-se ilegais e passíveis de contestação.
Por exemplo, empréstimos pessoais que cobram taxas superiores a duas vezes a média divulgada pelo Banco Central podem ser considerados abusivos. Cartões de crédito que aplicam encargos muito elevados também entram nessa categoria.
Além disso, financiamentos que apresentam um CET (Custo Efetivo Total) oculto ou mal explicado, dificultando a compreensão do consumidor sobre o custo real da operação, podem ter juros abusivos embutidos.
Como saber se os juros cobrados são abusivos?
Para identificar se os juros que estão sendo cobrados são abusivos, o consumidor pode seguir alguns passos práticos e simples:
- Compare as taxas com a média divulgada pelo Banco Central: o Banco Central publica regularmente a média das taxas de juros praticadas no mercado para diferentes tipos de crédito. Verifique essa média e compare com a taxa que está sendo cobrada no seu contrato. Por exemplo: se a média para crédito pessoal está em 6% ao mês e você está pagando 15%, isso pode indicar uma cobrança abusiva;
- Solicite e analise o CET contrato: o CET é a soma de todos os custos envolvidos na operação de crédito, incluindo juros, tarifas, impostos e outros encargos. Ele deve estar claro no contrato e explicitar o custo total do empréstimo ou financiamento. Se o CET estiver muito acima do esperado ou for mal explicado, fique atento;
- Verifique se há juros compostos, anatocismo ou encargos indevidos: juros compostos são permitidos, mas o anatocismo (que é a cobrança de juros sobre juros sem autorização) pode ser ilegal. Além disso, confira se não há cobranças extras que não foram previamente acordadas, pois isso também pode caracterizar abuso;
- Confira o contrato com ajuda de um especialista: se houver dúvidas, leve seu contrato para ser analisado por um advogado especialista em direito do consumidor.
Juros abusivos em diferentes tipos de contrato?
Os juros abusivos podem aparecer em diversas modalidades de crédito, e cada uma delas possui regras e limites específicos que devem ser respeitados para garantir a proteção do consumidor.
Confira abaixo os principais casos em que a cobrança excessiva é mais comum:
Empréstimos bancários e consignados
Nesses tipos de empréstimos, os juros costumam ser mais controlados, principalmente no consignado, que tem taxas geralmente menores por ter desconto direto na folha de pagamento ou do INSS. Quando as taxas ultrapassam o que é praticado pelo mercado ou os limites definidos pelo Banco Central, a cobrança pode ser considerada abusiva.
Ainda assim, é possível haver cobrança abusiva de juros em empréstimo consignado. Veja o que fazer e como identificar.
Financiamentos de veículos e imóveis
Os financiamentos envolvem o CET, que deve ser transparente e incluir todos os custos da operação. Juros abusivos podem ocorrer quando há falta de clareza no contrato, taxas excessivas ou cobranças não informadas previamente ao consumidor.
Cartões de crédito e cheque especial
São as modalidades que tradicionalmente apresentam as maiores taxas de juros no mercado, mas mesmo assim precisam respeitar limites razoáveis. Encargos muito elevados, cobrança de juros sobre juros sem autorização e falta de informações claras são sinais de abusividade.
Leia também: Como reclamar de juros abusivos na Nubank?
Renegociações de dívidas
Na tentativa de facilitar o pagamento, renegociar dívidas pode parecer uma solução, mas em alguns casos as instituições aproveitam para aumentar as taxas de juros ou incluir encargos extras, prejudicando ainda mais o consumidor.
O que fazer ao identificar cobrança de juros abusivos?

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Se você percebeu que está sendo cobrado juros abusivos, é importante agir rapidamente para proteger seus direitos. Para isso:
1. Solicite o contrato completo e o detalhamento dos valores cobrados
Peça ao banco ou à instituição financeira uma cópia completa do contrato e um demonstrativo detalhado dos encargos, juros e outras tarifas aplicadas. Ter esses documentos em mãos é fundamental para analisar com precisão o que está sendo cobrado e identificar possíveis abusos.
2. Compare com os limites do BACEN
Com o contrato e os valores, faça uma comparação com as taxas médias divulgadas pelo Banco Central para o tipo de crédito que você contratou. Se os juros estiverem muito acima desses limites, você tem um indicativo claro de cobrança abusiva.
3. Tente uma negociação com o banco (registro por escrito)
Antes de partir para medidas legais, tente negociar diretamente com a instituição financeira e fazer o revisional de juros, processo jurídico que o consumidor pode entrar na justiça para pedir a revisão e redução das taxas de juros consideradas abusivas.
Explique sua situação e questione a possibilidade de reduzir as taxas de juros. É importante que toda negociação seja registrada por escrito, seja por e-mail, carta ou outro meio, para que fique um comprovante do contato e das propostas feitas.
Veja como processar um banco, passo a passo.
O banco não resolveu meu problema, o que fazer?
É claro que a tentativa de resolução junto ao banco, de forma pacifica, deve ser o primeiro passo, mas sabemos que nem sempre esse pedido é eficaz.
Se você tentou resolver a questão dos juros abusivos diretamente com o banco e não obteve sucesso, ainda há caminhos para buscar seus direitos:
- Registre reclamação no Procon, Banco Central ou no site Consumidor.gov.br;
- Procure um advogado especialista ou a Defensoria Pública;
- Em alguns casos, é possível entrar com ação judicial pedindo revisão contratual e devolução dos valores pagos a mais.
Alerta importante: nunca aceite negociação sem entender os novos encargos. Antes de fechar qualquer acordo, analise detalhadamente os termos da renegociação para evitar que novos juros ou taxas abusivas sejam incluídas sem seu consentimento. Se precisar, peça ajuda para entender o contrato.
Quais são os seus direitos?
Ao se deparar com a cobrança de juros abusivos, é fundamental conhecer seus direitos para garantir proteção e buscar as soluções adequadas. Por isso, separamos abaixo os seus direitos como consumidor:
- Direito à informação clara e completa sobre encargos;
- Direito à revisão judicial de cláusulas abusivas (CDC, art. 6º, V);
- Direito à restituição em dobro do que foi pago a mais (CDC, art. 42, parágrafo único);
- Direito à portabilidade do crédito para instituição com menor taxa
Conhecer esses direitos é o primeiro passo para se proteger contra abusos e garantir um tratamento justo nas operações financeiras.
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